Líquenes laranja: uma nova ferramenta para desenterrar fósseis de dinossauros

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Líquenes laranja: uma nova ferramenta para desenterrar fósseis de dinossauros

Os paleontólogos poderão em breve ter um novo aliado poderoso na sua busca para descobrir fósseis de dinossauros: os líquenes de cor laranja. Uma nova investigação revela que estes ecossistemas em miniatura prosperam em ossos fossilizados expostos e podem ser detetados do ar através da tecnologia de drones, revolucionando potencialmente a descoberta de fósseis.

Líquenes: uma parceria simbiótica

Os líquenes são organismos fascinantes formados através de uma parceria entre fungos e algas (ou cianobactérias). Essas colaborações únicas são incrivelmente resistentes e podem colonizar uma ampla variedade de superfícies, incluindo – surpreendentemente – ossos de dinossauros antigos.

A ligação entre líquenes e fósseis

A pesquisa, publicada esta semana na Current Biology, demonstra que duas espécies específicas de líquenes, Rusavskia elegans e Xanthomendoza trachyphylla, preferem significativamente crescer em ossos fossilizados de dinossauros. Os pesquisadores descobriram que esses líquenes colonizaram até 50% dos ossos fósseis expostos, mas menos de 1% dos fragmentos rochosos circundantes. Essa preferência provavelmente se deve à natureza alcalina, calcária e porosa do osso fossilizado, que fornece um substrato ideal para o florescimento desses líquenes.

Sensoriamento Remoto: Detectando Líquenes de Cima

O verdadeiro avanço está na capacidade de detectar esses líquenes usando tecnologia de drones. Ao analisar imagens aéreas de alta resolução (pixels de 2,5 cm), a equipe de pesquisa identificou fósseis colonizados por líquen de cima. Os líquenes apresentam propriedades espectrais únicas : refletem menos luz nos comprimentos de onda azuis e mais na região infravermelha, permitindo que sejam distinguidos das rochas circundantes.

Uma virada de jogo para a prospecção paleontológica

Esta abordagem inovadora oferece diversas vantagens para os paleontólogos:

  • Descoberta acelerada: Drones podem pesquisar rapidamente grandes áreas, acelerando drasticamente a busca por fósseis.
  • Relação custo-benefício: O sensoriamento remoto reduz a necessidade de levantamentos terrestres extensos e caros.
  • Impacto ambiental reduzido: A prospecção baseada em drones minimiza a perturbação em ecossistemas frágeis.

Uma previsão realizada

A ideia de usar satélites para detectar fósseis cobertos de líquen remonta a décadas. Em 1980, o paleontólogo Darren H. Tanke especulou que a pigmentação laranja dos líquenes que crescem nos ossos do Centrosaurus poderia ser detectável do espaço. Este novo estudo com drones valida essa visão e oferece meios de detecção significativamente mais acessíveis e precisos.

O futuro da descoberta dos dinossauros

“Este estudo com drones estabelece as bases para o mapeamento de áreas muito maiores usando aeronaves e satélites”, disse o Dr. Derek Peddle, pesquisador da Universidade de Lethbridge. “Os novos indicadores de líquenes que desenvolvemos vão ajudar-nos a encontrar fósseis em vastas paisagens.”

Esta investigação combina tecnologia de imagem avançada com experiência internacional, prometendo acelerar a descoberta de dinossauros através da detecção remota de líquenes e abrindo novos caminhos para a exploração paleontológica.

O estudo, liderado pelo Dr. Brian Pickles, fornece uma nova ferramenta poderosa para localização de fósseis, potencialmente transformando o campo da paleontologia